
Sinopse
Um corpo se encontra instalado num canto, sala, palco ou galeria, vazando palavras apocalípticas tropicais. É presença exposta e atravessada por estilhaços do caos contemporâneo. A performance se configura como um ato radical quando utiliza as artes cênicas como denúncia do violento mundo em que vivemos, revelando o caos como sintoma. Propõe uma política do corpo como resistência em benefício da vida.
A performance
Hiperfabulária Tropical retoma a pesquisa solo de Carmen Jorge, propondo um corpocaos potencializado pelo cruzamento de linguagens do corpo, palavra e sons. Utiliza como dispositivos cênicos a técnica do Popping (vertente do Hip Hop), como disparador de um estado de corpo que se “autotuna” controlando sobreposições entre velocidades de contrações, emissão de textos/sons, dança contemporânea e danças sociais, numa espécie de fluxo de anti-fluxo de movimento.
As palavras são apocalípticas, compilação de textos do José Agrippino de Paula em seu livro PanAmérica, escritas na pré tropicália (1967). Elas se fazem corpo, corpo brasileiro e corpo tropical, quando destroem mitos e heróis universais em radical oposição ao imperialismo. O texto contém uma virada dramatúrgica a favor da vida, aproximando Agrippino dos Krenak.
O projeto se inspira no universo de José Agrippino de Paula e sua companheira de muitos anos, a Diretora, Bailarina e Coreógrafa, Maria Esther Stockler, ambos ícones relevantes da cultura brasileira.
corpo
Na cena um corpo fabula ou hiper fabula, procurando experimentar o caos em uma organização radical e inusitada, e assim, afetar o público. A ideia de caos se dá pela organização ou (des) organização (uma vez que os “erros” são bem-vindos), através de sobreposição dissociada do recurso da voz em contraposição aos movimentos. Esse corpo fala/vaza de forma leve e automática buscando velocidade e fluxo contínuo na emissão do texto, que se contrapõe com o mover também contínuo, porém, sempre interrompido por contrações em diferentes velocidades. A movimentação, numa estrutura composta para improviso, varia entre gestos cotidianos de fala/conversa, postura e gestos “elegantes ou sedutores”, gestos característicos da cultura pop e danças sociais/populares. Utiliza-se a técnica do Popping uma das vertentes do Hip Hop, como disparador do estado corporal, sem a intensão de ser uma apresentação de Hip Hop ou de Danças Urbanas. Em HT três velocidades de contração e relaxamento estão organizadas: Pop (lenta), Strobing (média) e Hitting (rápida). O fluxo gestual e de danças da movimentação quando interrompido, persegue uma ideia de anti-fluxo de movimento, aqui coerente com a ideia de caos.
texto
O texto utilizado é uma compilação e adaptação do livro PanAmérica de José Agrippino de Paula, o “guru” não visibilizado da Tropicália. Obra fundamental da literatura brasileira escrito em 67, é uma epopeia pop urbana, marcada pelo senso de destruição e do caos. Por meio de um intenso discurso, constrói a narrativa através de recursos e técnicas de outras linguagens como cinema, HQs e pintura, para revelar a imagem e sensação do absurdo panamericano diante das imposições do imperialismo. PanAmérica apresenta personagens da cultura pop como símbolos motivadores do mito, sem ênfase em seu aspecto psicológico, o que vai de encontro com a ideia da performance, que não se configura como teatro tradicional, apesar do texto, mas que vai como no texto, se utilizar do desmonte desses mitos e do corpo-mito que ali se expõe, colapsando caoticamente.
Há uma aproximação dramatúrgica quando no texto é introduzida a frase indígena Krenak que significa: A vida é! Independente da ação predadora dos homens.
ficha técnica
Realização: PIP Pesquisa em Dança
Proponente: Arco Produções Artísticas LTDA - ME
Concepção, Intérprete Criadora e Adaptação Dramatúrgica do Texto: Carmen Jorge
Texto/Livro: José Agrippino de Paula (PanAmérica – 1967)
Produção: Bia Reiner
Design e Operadora de Som: Edith de Camargo
Figurino: Luan Valloto
Designer e operador de Iluminação: Wagner Corrêa
Assistente de Palco e de Iluminação: Márcio Juliano
Técnico de Som: Chico Santarosa
Palestra: Octávio de Camargo
Assessoria de Imprensa e Mídias Sociais: Glaucia Domingos
Design Gráfico: Adriana Alegria
Vídeos: Lívea Castro e Alan Raffo
Teaser: Lívea Castro
Intérprete de Libras: Kelly Caobianco – TAÉ Libras e Cultura
Fotógrafo: João Debs
agenda
HT estreou em 06.05.2025, na Biblioteca Pública do Paraná realizando 04 apresentações no espaço Aquário. Convidada para abrir a Mostra SOLAR 2025 da Casa Hoffmann – Centro de Estudos do Movimento em Curitiba, nos dias 16 e 17.05.25.
incentivo
Governo Federal, Lei Aldir Blanc, Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba